29 de setembro de 2011

O teu poema



Trago-te o azul das asas e o segredo dos pássaros.
Trago-te a eternidade despida do valor corpóreo das coisas.
E da copa das árvores
um raio de sol
borda a seda  na tua alma
todos os versos de um poema
que em vão
há tanto tempo
tentas escrever na água dos teus olhos.


25 de setembro de 2011

Amo-te!




Amo-te!
Amarei todas as folhas onde os teus olhos repousem.
Ignorarei a chegada do vento onde se aninham  os invernos e, quando te parecer que a natureza te abandonou, encontrarás no meu coração o contorno dos meus lábios.
Saberás então, que há palavras que nunca são inúteis.




16 de setembro de 2011

Promessas do mundo



Na tua mão pequenina
Cabem todas as promessas do mundo
E com elas constróis na areia
O sonho de as ver no mar
A navegar
Nesse mar que as guarda
No fundo
Um fundo tão profundo
Quanto a claridade do teu olhar
Enquanto acreditas
Nas promessas do mundo




13 de setembro de 2011

Ocaso




Ainda não era noite e, no entanto, já não era dia.
Numa brisa leve e triste, esvoaçou à nossa volta o inexplicável.
Perguntaste:
Vai doer?
E todas as palavras se ajoelharam, mudas.
E as minhas mãos, quebraram-se de inúteis.
Desde esse dia, em cada ocaso, passei a amar mais o silêncio.





10 de setembro de 2011

Mantém-te firme!


Entre a angústia e a esperança
é tão fácil nos perdermos....

"Alguém me ouviu " - Boss Ac e Mariza para a ENCONTRAR+SE

Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha
Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz?

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?
Alguém me diga porque me sinto assim
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz?

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Tento não me ir abaixo mas não sou de ferro
Quando penso que tudo vai passar
Parece que mais me enterro
Sinto uma nuvem cinzenta que me acompanha onde estiver
E penso para mim mesmo será que Deus me quer
Será a vida apenas uma corrida prá morte
Cada um com a sua sina, cada um com a sua sorte
Não peço muito, não peço mais do que tenho direito
Olho para trás e analiso tudo o que tenho feito
E mesmo quando errei foi a tentar fazer o bem
Não sei o que é o ódio, não desejo mal a ninguém
Vai surgir um raio de luz no meio da porcaria
Porque até um relógio parado está certo duas vezes por dia
Vou-me aguentando
A esperança é a última a morrer
Neste jogo incerto o resultado não posso prever
E quando penso em desistir por me sentir infeliz
Oiço uma voz dentro de mim que me diz
Mantém-te firme.


4 de setembro de 2011

Desassossego



Sinto-te na boca
pronto a nascer voz dentro de um poema
e no entanto,
decides aninhar-te
entre salivas e silêncios
no leito cálido e manso das minhas veias.
Temes,
que a dor antecipada das sílabas
morra na margem dos meus lábios,
sem saberes
de toda a verdade na génese do mundo
ou que o meu sorriso,
adoce a indignação dos homens
muito antes da revelação nua dos plátanos.
Só não sabes,
que do corte vertical do tempo
colho para ti
um regaço de aguarelas
e todos os aromas de Outono
e nas mãos,
guardo a idade das folhas
onde escreverei
os teus maiores desígnios.



 " Mudança de estação" - Aguarelas de Marah Amaral