30 de junho de 2011

" Do outro lado do espelho" apresenta-se em Esposende


Esposende é uma cidade especial, cuja beleza se espelha no rio ao encontro do abraço do mar.
É a minha cidade de adopção e de coração. Cidade onde tenho o privilégio de viver e onde encontro, tantas vezes, a tranquilidade e a inspiração para escrever.
É por tudo isto que, juntamente com a Câmara Municipal de Esposende e a Editora Lua de Marfim, tenho o enorme prazer em  convidar-vos para a sessão de apresentação do meu livro " Do outro lado do espelho" que decorrerá nesta cidade, no dia 9 de Julho na Biblioteca Municipal Manuel Boaventura, pelas 18h30.
Mais uma vez, terei a honra de contar com a presença da escritora e poeta Mel de Carvalho, para fazer a apresentação da obra.

Lá estaremos à vossa espera!

Porque a poesia é uma flor, pronta a ser sol na alma de cada um...




Obrigada!





27 de junho de 2011

Grande lição para gente pequena



Grande é a virtude


 De tão grande vontade


E tão pequena eu sou


Perante o teu exemplo


A propósito da prova de Paratriatlo que decorreu no passado dia 25, no âmbito do Campeonato Europeu de Triatlo em Pontevedra. A temperatura do ar era de 40ºC, nenhum dos paratriatletas desistiu e quem assistiu à prova, teve a honra de receber uma enorme lição de vida.
Eu senti-me privilegiada por isso.
Aqui fica o meu aplauso e a minha gratidão a todos eles!


15 de junho de 2011

Anos verdes




Verdes foram todos os anos

Que não colhi,

Porque não sabia

O quanto pode ser doce

O que de amargo

Guardamos,

Se deixarmos

O tempo nascer maduro

E pronto a ser luz

Para além do ninho das pupilas.



6 de junho de 2011

Silêncios



Preciso de te dizer

Todas as palavras

Que bordo para ti em silêncio

E me doem

Como gelo triturado nos dedos

Enquanto me ignoras




1 de junho de 2011

Caminho de água nascente




Eram passos lentos os que trazia.
Lançava-os no chão. Naquele que sabia e no outro que nunca pisara mas onde cresciam as papoilas que um dia haveria de colher. Um dia, um qualquer dia de um qualquer tempo , numa qualquer dimensão.
Eram passos seguros, firmes, mas propositadamente lentos. Neles, ouvia a história das pedras, respirava o aroma cicatrizante do pó da terra e, enquanto guardava nos bolsos o orvalho da noite suspenso nas ervas daninhas , subia-lhe aos lábios o sabor vertical do trigo a oferecer-se-lhe à fermentação da vida.
Do caminho, não lhe importava o rasto, apenas o peso de si própria moldado no barro, qual ânfora a saciar a fome de humanidade. Talvez por isso levasse consigo, pousadas nos ombros, todas as lágrimas que lhe confiavam e mais umas quantas rugas, suas e de outros, porque o saber do tempo era o único tesouro que conhecia.
Um dia, desejou que tudo de si fosse fértil como água nascente, mas nem por isso apressou ou refreou a passada. Se o sol lhe era força a aquecer a alma, respirava mais fundo para a guardar no coração e aí se abrigar das imperfeições do vento norte. Mas quando era chuva o que chegava do céu, erguia o rosto e recebia nele cada gota, como quem bebe um oásis, sabendo que os desertos existem e aí, nem as pedras desejam falar da sua própria história.
Saboreava cada milímetro da sua caminhada como se semeasse e colhesse estrelas e as amasse a todas de igual modo, como filhos diferentes mas de brilho igual.
De quando em vez, uma rodopiante aragem envolvia-lhe os sentidos e via-se então, de braços abertos, numa afinidade de asas com quem nasce a voar. Era assim que planava livre por dentro dos sonhos e descobria que essa era, de todas, a mais bela viagem.
Eram lentos os passos e grandes os sonhos.
Eram imensos os sabores, e isso já era tanto para se sentir feliz.