Um dia…
Talvez um dia
Se preencham os vazios
Com palavras eruditas
E no pó levantado do chão
Se descubram os deuses
Que obstinadamente
Se mantêm de pé.
Talvez um dia
Os olhos não ceguem
Na descrença dos gestos
Os arados não gemam
De solidão
Nem os mastros se rendam
Ao abandono das marés.
Mas hoje
É urgente que as bocas se encham de espigas
E frutos maduros
E mesmo na ausência de vento
Se reinvente o grito
Como o desfraldar de uma asa
Emanado
Do pundonor de uma bandeira.