24 de abril de 2013

Sementes e searas





 Aconteceu, ontem, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, a entrega do Prémio Literário Maria Ondina Braga. 

A vencedora foi Olívia Marques, com o trabalho poético "Sementes daqui.  O júri, presidido pelo professor Agostinho Rodrigues, fundamentou a sua decisão - tomada por unanimidade de entre 57 trabalhos a concurso -  referindo- se à obra como: "uma estrutura formal coesa e sistemática e com uma riqueza imagética e simbólica ímpares", realçando ainda  "a experiência de grande sensibilidade cultural"  expressa. 

Para quem conhece a escrita de Olívia Marques e   acompanha a publicação de alguns dos seus trabalhos em Searas de Versos,   este prémio não surpreende, porque é o reconhecimento justo da enorme qualidade literária do que escreve.  Para mim, que sou simultaneamente sua leitora e amiga, este é, também, um momento de imenso orgulho e felicidade.  

PARABÉNS!!!


" Pilgrim, in your journey
You may travel far, "






19 de abril de 2013

Afinidades


Iman Maleki


Não preciso ler o que viveste:
é no teu rosto que o tempo escreve
a página inteira
que me aproxima de ti.



11 de abril de 2013

Há tanto ainda...





É preciso saber quando gritar para o interior da terra.

É preciso trazer as raízes para dentro da alma e aí fazer crescer as árvores e ouvir os pássaros.

Não deixemos que só a noite conheça os versos que nos escurecem; é preciso iluminá-los de sol, despi-los das metáforas que nos pesam e dar-lhes asas para que se renovem de cor e esperança.

Há tanto ainda para escrever no peito...






8 de abril de 2013

Tempos quietos





Escrevo do lado de dentro do silêncio.  
Aqui, as palavras pousam-se-me nas mãos
como borboletas; só
apenas e só
para ouvirem o que digo.





2 de abril de 2013

O teu nome, nada mais


Mirjam Delrue


Pouso os olhos no teu nome*, pai
É tudo o que tenho; o teu nome
Essa conjugação imperfeita da tua vida na minha
Como um eco mudo e cego que me rasga
Um fundo mais fundo onde não existe o teu rosto
Nem as tuas mãos a sulcar o meu caminho
Nem o teu afago na minha memória.
É tudo o que tenho de teu, pai
O teu nome e nada mais.
Nenhum fio de lembrança, nenhum nó, nenhum laço
Nenhum prumo, nenhum rumo
Nada que esteja ancorado à tua voz
E que eu tenha amado ou esquecido para me salvar.
Por isso o meu peito é um espaço exíguo
De estilhaços gastos
E talvez o teu único pecado seja
Não teres pousado os olhos no meu nome, pai
E não saberes que eu sou
Sangue teu a gotejar
Sobre esta dor azeda de viver
Sentindo a tua falta.

* in: "Sou, e Sinto" de Virgínia do Carmo - p.49