Desconstroem-se
Os movimentos assilábicos da língua
Dentro da boca
E desatam-se os nós das palavras
Que dão corpo à memória.
Somos um passado que nos pesa
E ora nos prende, ora nos liberta
Penas a formarem asas
Numa dor que já não tem suporte nos dedos
E se escreve nas ruas
Para dizer azul, vermelho ou verde
Como um pincel sobre a tela branca dos olhos
Num rosto maior de presente
A traçar novas margens.
Como são belos os rios
Feitos de gente
Tão humano e quente é o seu sangue
Essa voz rasgada das suas águas.