21 de abril de 2012

Saberes de pele



Nos lábios que deixei na infância
Havia um sabor diferente
Um saber terno de céu e de mar
Tão instintivo e primordial
Quanto o seio materno
Ou o mel das abelhas
Uma sede que me fazia sonhar
De mansinho por dentro das nuvens
À procura dos anjos sem lágrimas
E desse astro maior
Capaz de iluminar os dias tristes
E todos os degraus do mundo.

Havia nessa altura
Uma história de homens que me era desconhecida
Um gosto de sangue e sal que eu nunca experimentara
E no entanto
Vivia ao meu lado
Tão junto à minha pele
Que quando a vi, escrita nos meus olhos
Achei que tinha nascido comigo.




12 de abril de 2012

Do centro das árvores



Há tornados a nascerem do centro das árvores
Tácitos murmúrios de vento
Capazes de expulsarem raizes do fundo da terra
De as dizerem
Como eu digo
Sem que as flores desistam de serem fruto
Nem as promessas, lugares felizes
Onde acordamos a memória de sermos
Mais do que uma chaga cerzida
À flor da pele, pronta a sangrar de novo
Há um tempo que vive
No centro das árvores
Um tempo que persiste
E espera o tempo, serenamente
Porque só a morte tem pressa.



5 de abril de 2012

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Partilhar com o outro o que se tem, por muito pouco que isso possa parecer, será  sempre um enorme gesto de amor autentico.

Páscoa Feliz !