30 de setembro de 2009

Para onde vou....


Para onde vais?
Perguntas a medo…

Sou um leme, uma vela
Sou barco com rumo
Que dorme em teu cais
Em segredo…

Para onde vais?
Queres mesmo saber…

Vou pintar de água doce
O mar que navegas
Com o coração
A bater....

Não me perguntes mais
Para onde vais?

Irei, serei, aqui e tão só
Pedra nua, suave nevoeiro
Uma alma que se cola à tua
E assim, abraça o mundo inteiro



A foto, que é minha, é o registo de uma das margens do Douro, num dia calmo em Raiva .

17 de setembro de 2009

Mulheres de arte e coragem

Não pintaram quadros, nem escreveram livros, mas construíram verdadeiras obras de arte, tecidas com o fio da vida, de ponto em lágrima e laçada em riso.
Eram rendas, rendas que hoje permanecem connosco, quem sabe algumas guardadas na arca ou no fundo de uma gaveta porque os imperativos da moda deixaram de valorizar tais virtudes.
Tenho o privilégio de possuir parte deste espólio e de me perder inúmeras vezes nele, num reencontro com o passado.
Observo cada pormenor inscrito nos pontos altos e baixos que desenham flores e formas e tento adivinhar os pensamentos, as emoções e as vivências das suas obreiras e que subtilmente se entrelaçaram nas rendas, materializando assim as suas memórias.
Gosto de imaginar que ainda estão connosco desta forma. Sentir assim, a arte e a coragem que enlaçou as suas vidas, até ao fim.
Reconforto-me nestas lembranças, nas suas referências e nos seus exemplos e sigo em frente. Sabendo de onde venho, saberei sempre para onde devo ir.
Procuro todos os dias ser mais o que faço do que o que digo, ou então ser o que digo naquilo que faço.
Quando olho para as rendas que com mestria fizeram, sei o que permanecerá de mim um dia, se houver alguém que se reconforte também na minha memória.
Se hoje trago comigo o estandarte das minhas origens é para que amanhã, o cunho da minha lembrança tenha inscrito o orgulho de ter uma família e de ser filha e neta de quem sou!


14 de setembro de 2009

Sonho Divino

Sonhei que tinha chorado

Num encontro singular

Entre o céu e o mar

Onde os anjos dançavam

E nesse limbo doce e profundo

Uma alma cantou

Pousando o silêncio no mundo



ELIS REGINA

Uma alma que não cabia no corpo...


13 de setembro de 2009

Pausas e vírgulas



Foi...
Uma pausa, um olhar, algo mais demorado
Um descanso merecido de alguém que andava cansado

Foi...

Uma vírgula ou dois pontos, uma paragem, um momento
Deste fio que me escreve e que rola no tempo

É....

A raiz que renasce, que brota e floresce em pedaços de escrita
Pequenos e grandes abraços, histórias e acordes de vida