
Cresce a norte
o musgo verde dos presépios
e procuro nas mãos pequenas,
a magia dos sonhos de infância.
Fala-me a terra
da fome das crianças,
presa ao massacre dos pinheiros
e das figuras de gelo
agonizando, tão frias.
No céu, sem brilho
chora uma estrela perdida
e chove noite
sem vontade de ser dia.
Em mim,
caem-me lágrimas nos dedos
e seca o musgo, no sal
sem vontade de Natal.
25 comentários:
...é uma vontade de urso, Maria João! afinal, ainda não sabia...
depois passa
e o musgo, é outra vez o musgo do pinhal
aquele que cheira a humidade
húmus
vida
o menino Jesus
é um tosco menino de barro
mas é Deus
e também Ele não sabia
.
musgo norte, tem o sentido do vento frio, num presépio de medo
é o seu segredo
nas mãos crescidas que serão sempre as suas!
um beijo
manuela
Olá Maria joão, gostei muito do seu poema. Infelizmente o Natal não chega a mais de metade das crianças do mundo, e enquanto nós, os priveligiados, podemos optar entre comer bacalhau ou polvo, quantos seres humanos por esse mundo fora, ou até o nosso vizinho do lado, não tem sequer um pão para comer?.
Beijinhos e boa semana
MARIA JOÃO
Querida Amiga ...
RUSGO A NORTE
Rusgo a Norte
o presépio
e com sorte
encontro o Natal
no teu porte
branco da cal
teu portal
Encontro o Presépio
e se choro
é porque não é só pretérito
Um beijinho natalício
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de Dezembro de 2010
Maria João,
É duro ter ânimo pro Natal, lembrando que ele não existe para milhões e milhões de crianças...
Vamos celebrar o nascimento daquele menininho pobre, numa gruta, há 2010 anos atrás, que veio para mudar a história da humanidade. E isso basta... Pedindo-lhe para que as lágrimas deixem de cair... e as crianças todas possam ter um bom Natal.
Beijos, gostei demais de seu texto
Carla
Maria João,
Nem sei que dizer, o Natal é isso tudo, é o brilho, mas também a tristeza para tantos e essa não vontade de Natal, para que não hajam contrastes mais marcantes, angústias maiores e tantas boas vontades uma vez por ano.
Percebo essas lágrimas nos dedos, que conheço em todos os Natais quando me sento à mesa e vejo o mundo lá fore. Imagino que leva para a sua mesa, para além de tantas dores, as suas crianças doentes, mas para elas é que se faz verdadeiro Natal, no mais simples canto do mundo sempre há alguém que acende uma estrela de afecto. Eu sei e muitas vezes vi os milagres que se fazem na sua profissão - anjos da guarda dos que socorrem, sobretudo das crianças.
Por isso um imenso beijinho e bem haja.
Branca
Maria joão, que bom seria se o que descreve apenas se verificasse no Natal. Infelizmente que, neste caso, o Natal é todos os dias.
O seu poema é triste, intenso e verdadeiro.
Beijo
Olá João,
Querida amiga...
Que palavras fortes e tão certas sobre o que é o Natal e ...voltei à minha infância quando íamos ao musgo naqueles campos num imenso frio e sempre sempre com a mesma alegria..com o mesmo sentir. E hoje sinto-o em mim com uma grande nostálgia por gostar também e tanto que o Natal pudesse ser o melhor sentir para tantas pessoas para quem o Natal é mais um tempo de luta e de procura, de sobrevivência...
Muitos beijinhos. Gostei muito.
E da música...Muito bom...:))
Dulce
Tempo de Natal... Nostalgia do passado onde o alento encontrará abrigo no verde veludo do musgo.
Tão bonito!...
Um beijo
"e chove noite/sem vontade de ser dia."
É um poema tão cheio de verdade, Maria João, tão triste e tão belo ao mesmo tempo. Como o Natal.
Um beijinho e boa semana.
Um poema de Natal diferente do que se vê por aí, e muito melhor, porque, para além da forma poética, tem conteúdo.
Continuas brilhante, parabéns.
Um beijo, querida amiga.
Maria João,
O seu poema é um abraço ao mundo. Por inteiro.
Beijo :)
Pudesse o Natal não ser o que nos relembras desta forma tão sentida, a chover noite, minha amiga!
Belíssimo ainda que bordado a dor.
Um beijinho, Maria João.
Música celestial
em poema
em Natureza
em Vida
Quantos sentimentos
de humanidade
de solidão
de impotência
Por um Mundo melhor!
Façamos
cada um de nós
a sua parte
Com raiva
se for preciso!
António Nunes
Os anos passaram. Na secura do meu caminho (ainda hoje)eu lembro o Natal que, na inocência dos 12 anos eu perdi alguém e fiquei só. Perdi a voz e durante 12 dias ninguém soube, que eu não falava não era porque não queria, mas sim porque não conseguia. E porque vai ser Natal e se assim tem que ser, seja. Adorei o seu poema...doeu-me para ser sincera. Beijos com carinho
Minha querida
Senti nostalgia no teu poema.
Deixo o meu carinho sincero e um abraço em silêncio.
Sonhadora
Maria João, tenho tantas lembranças dos Natais de criança, como tudo era mágico, esperar Papais NOel, a ceia tudo era cheio de luzes e cores, um tempo magico.
Beijos
Obrigada pela sua presença!
O seu poema emocionou-me! Um verdadeiro apelo para que se abram os olhos para uma realidade cada vez mais triste. Vejo nele o verdadeiro espírito do Natal e nessa estrela... só espero a esperança do seu brilho nos olhos das crianças e do mundo!
Beijinho
Querida amiga
O musgo!
Fizeste-me recuar até à minha infância, quando ia apanhar musgo nos pinhais para colocar no presépio. E que lindo ele ficava!
Mas o teu poema é mais profundo do que o armar um presépio.
Há demasiadas mãos pequenas sem a magia dos sonhos de infância.
Há demasiadas mãozinhas que não têm nem nunca tiveram infância.
Por isso o Natal tem sempre um cunho de tristeza - é quando se tornam mais gritantes as injustiças que se praticam na terra, tornando as diferenças abissais - e, mesmo sem querer, somos forçados a fazer comparações.
Este tema é demasiado comovente (para mim).
Uma noite feliz e uma boa semana. Beijinhos
O Natal é moldado pelas nossas mãos quantas vezes em forma de musgo verde que cresce a norte transportando a magia da infância numa estrela perdida num céu sem sal...
.
. jaz o húmus profundo . há tanto que não subsiste à superfície do solo .
.
. é quase natal, e a vontade virá .
.
. um beijo meu ,
.
Também a poesia olha em redor, observa e medita.
Observa o choro da estrela perdida e uma noite a que se insiste em retirar a vontade de ser dia.
Belo o seu poema, Amiga Maria João!
Uma pedrada no sossego dos adormecidos.
As suas palavras, pô-las a caminhar para que nos falassem da verdade; verdade cinzenta e angustiante, turvando o mundo que nos vai envolvendo a cada dia que passa.
Sinto, também, que se me chegou a sem vontade de Natal.
Tudo de bom para si.
Beijinhos e um grande abraço
Maria João,
Em mim,
caem-me lágrimas nos dedos
e seca o musgo, no sal
sem vontade de natal!
É este o sentimento que me invade também, por isso te peço que me deixes usar estas tuas palavras em algo que vou publicar. É o retrato fiel do qe quero transmitir... soubesse eu...
Um beijinho da Meg (myself)
O Natal é também aquela quadra em que nos assolam as inquietações da Humanidade... Também por isso deveria ser Natal todos os dias...
Outro terno beijinho!
Maria João,
tão sentido o teu poema!
tens uma forma tão pura e genuína de nos contar da vida...
Beijo enorme amiga!
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