29 de setembro de 2010

Quando me pergunto quem sou




Quando me pergunto quem sou
Há um riacho límpido
A serenar nos meus olhos
O cansaço do tempo
Nas pupilas

Solto dos dedos
O linho branqueado dos gestos
Que fiado à dor da geada
É bordadura do meu céu
E fino véu que me tem abrigada
Do voo rasante dos milhafres

Quando me pergunto quem sou
Apenas a textura rude da estopa
Envolve a minha circunstância
Com ela teço a pele
Com que me entrego
Cerzindo todas as chagas
E apenas nessa imperfeição
Me reconheço



22 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida
Estou voltando e deixando o meu carinho e um beijinho.

Sonhadora

Virgínia do Carmo disse...

O que mais me encanta na tua poesia, João, é a serenidade... como se a cada palavra se operasse uma espécie de reconciliação...

Fluída como a própria noção de paz...

Beijo terno!

[também eu me embalo na contemplação apaziguadora dos teus poemas]

Branca disse...

Lindíssimo por fora e por dentro!
Não sei dizer mais, porque apenas sei sentir estes versos bordados de ser.

Beijos
Branca

Lídia Borges disse...

Uma "imperfeição" branca e transparente como "um riacho a serenar nos olhos" exigentes do poeta.
Bordas o poema com fios de ternura e o resultado é de uma textura delicada e fina.

Lindo!

Por toda minha Vida disse...

Lindo, amei...

As vezes me fecho em copas para pensar...

Renata

Sandra disse...

Passando para deixar um abraço bem carinho a você....

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Um grande abraço
Sandra

Jaime Latino Ferreira disse...

QUANDO


Quando me pergunto quem sou
no fiado linho de teus gestos
e na estopa rude destes meus
encontro razões de sobra
que ao voo rasante dos milhafres
dos nossos os afasta
como cafres


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Setembro de 2010

AC disse...

Maria João,
Gosto desse sentir, forjado em profundidade e temperado olhando a vida de frente, olhos nos olhos...
Há muita maturidade no que escreve.

Beijo :)

Gisele Resende disse...

Amiga,

como me encontro em teus versos, em tua poesia. Obrigada,

beijinhos no coração

Gisele

Nilson Barcelli disse...

"Solto dos dedos
O linho branqueado dos gestos"
Adoro a tua escrita, as tuas imagens poéticas, a serenidade das tuas palavras... enfim, os teus poemas (e não só) são excelentes.
Beijos, querida amiga.

manuela baptista disse...

e nessa imperfeição reconhecida

no entrançado duro
mas que é vida

renhida
tecida

é também um voo rasante!

um beijo, Maria João

manuela

Linda Simões disse...

Maria João

..."nessa imperfeição me reconheço"

Me reconheço na imperfeição,que me faz procurar Ser mais que Ter...

Me perguntando quem sou.


um beijinho


Bom final de semana


Linda Simões

MariaIvone disse...

Maria João
Marcas do tempo, nunca serão imperfeições.

beijos
MariaIvone

Sol no Coração disse...

Maria João,

"quando me pregunto quem sou
há um riacho límpido
a serenar nos meus olhos..."

lindo...

Beijinhos de Sol*

Anónimo disse...

quantas vezes me pergunto quem sou...e logo ali fico a pensar
e não sei o que dizer

e algum cansaço assola o meu rosto
numa lágrima que cai...

porque na verdade cada um de nós
é um ser tanto de vida

também e numa imperfeição
querendo muito e sempre
uma perfeição maior de si...

Olá Maria João,

Belíssimo este seu "perguntar quem sou.."
Gostei mesmo muito.

Num abraço amigo um beijinho grande.
(o anónimo aqui hoje foi propositado, por às vezes me gostar de sentir assim.., embora e aqui já o não seja..:))

Dulce

Rosa Carioca disse...

Maria João, deves achar-me uma chata mas, realmente, só sei dizer a mesma coisa: adoro ler seus poemas. Sempre me transmitem serenidade, esperança, perseverança, força...
Obrigada por partilhares a tua obra.

Alis disse...

Olá M João,

obrigada pelas visitas.


este molhinho de sentidos e emoção atados com fio de sentir deixa o ramo mto belo....

sem imperfeição...

obrigada...

adorei beijinhos

Mariazita disse...

Apenas por absoluta falta de tempo não me é possível dirigir um agradecimento individualizado a cada uma das pessoas que tiveram a gentileza de me felicitar pelo meu aniversário.
Faço-o, por isso, numa forma “generalizada”, mas acompanhada do carinho particular para cada um de vós, neste caso para ti, Maria João querida.

PS – Aproveito a oportunidade para agradecer, também, a visita e comentário ao meu post anterior “Acontecimento Inesperado”.

Beijinhos

PS - Logo que possível (???)voltarei para te ler e comentar

Beatriz disse...

Que bom ler isso numa manhã como esta...
Beijos,
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com

. intemporal . disse...

.

. o registo in.confundível de quem se questiona no tom e no dom da pergunta que anseia pela antítese da "textura rude da estopa" que na imperfeição se reconhece .

.

. bel.íssimo . [repetida.mente] .

.

. :) .

.

. um bom.domingo .

.

. um beijo meu .

.

. paulo .

.

Sofá Amarelo disse...

É no linho branqueado dos gestos que serenamos o olhar e desfiamos as texturas que envolvem as chagas cerzidas pelos dedos bordados em finos véus...

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Olá amiga Maria João

Para não repetir nos belos comentários que li sobre este belo poema, onde realmente a simplicidade das coisas a pureza imerge dos sentimentos numa suavidade que contagia tudo ao redor. parabens pela misica de fundo, ajuda na reflexão e isso eu gosto muito.

Beijinho e continua a contagiar-nos assim.