25 de setembro de 2010

Imagino-te por nascer



Em noites demoradas
Na exaustão aguda dos gritos
Dilacerados e roucos
Imagino-te por nascer
Nas madrugadas infinitas
Escorridas de insónia
Onde a rocha em mim se faz areia
Despedaçada
Eu imagino-te por nascer
E no tacto trémulo
Da minha lua desventrada
Ergo o corpo dorido
Na alma parida
Esvaziada
E choro
Por não te sentir nascido
Por não me sentir nada



25 comentários:

AC disse...

Um grito de desespero, ou a poesia a mergulhar naquilo que nos dói, que nos dilacera...
Maria João, a minha vénia, a sua poesia mergulha no mais fundo de nós.

beijo

Linda Simões disse...

Maria João,

gosto muito do que escreves.

És inteira,assim como jasmim em canteiro,como bem disse o amigo Jaime,na sua réplica à Ode de Ricardo Reis.


Um abraço,


Linda Simões

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Lindo poema. Esperamos sempre o nascimento deste amor e quase nunca o vimos nascer!
Grande abraço, menina!

manuela baptista disse...

demoradas são as noites

tremulamente iradas
porque sentir até doi

quando não sentimos nada

Maria João

onde a rocha em si se faz areia

é aí
o princípio da estrada!

um beijo

manuela

Lídia Borges disse...

Mais um poema imenso.
Qualquer análise textual será incompleta.

Deixo apenas a ternura de um beijo

Rosa Carioca disse...

Ao ler este seu poema, revi-me em certa situação...

Jaime Latino Ferreira disse...

MARIA JOÃO


Uma coisa é certa
-
se se sente nada
é tão grande como tudo


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Setembro de 2010

Rosa Carioca disse...

Maria João, por favor, não peça desculpas. Adoro ler seus poemas, seus textos e você sabem bem disso.
O facto de rever-me, de certa forma, ajuda a enfrentar e seguir em frente. Por isso, muito obrigada.

Sol no Coração disse...

Lindo!

Em noites demoradas embalo-me na tua poesia.:0)

Beijinho de Sol*

. intemporal . disse...

.

. o alcance é e será sempre um compasso de espera .

.

. onde só se des.espera se não soubermos .a.m.a.r. .

.

. um beijo .

.

Anónimo disse...

Maria João, muito linda essa postagem. Sua sensibilidade flui e se mistura com os versos. Adorei.
Um beijo com carinho.
Manoel.

TaPê disse...

bom dia!!!

fez-me preazer ler o teu comentario e saber que ainda te lembras de mim, sinceramente fez-me prazer.
lembro-me, no meu dia a dia, varias vezes de ti, dos teus ensinamentos, das palavras amigas (mesmo se por vezes parecessem "ralhetes" mas ajudaram-me a crescer muito), que me ajudam de uma forma ou outra a ser o que sou hoje.
eu ando be e contente, sinceramente encontrei o meu canto cheio de "pequenos detalhes", onde me inseri e integrei bem.
trabalho numa oncologia que muitas vezes aprendo coisas importantes que nunca se ouvem falar nas aulas.
como andas? novidades?!

espero tudo de bom para ti, e um beijinho do eterno aluno
joao paulo

Mar Arável disse...

Belo e profundo

Se dissesse mais

estaria a violar o seu silêncio

Bjs

Andy disse...

Lindo Maria João... sinto-me tão pequena perante tamanha grandiosidade.
Beijo imenso!

Sofá Amarelo disse...

É nas madrugadas infinitas que os gritos se despedaçam e as luas se dilaceram. E é nas noites demoradas que as almas se esvaziam em exaustas insónias dos sentidos...

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida
Estou voltando e estou melhor.
Obrigada pelo carinho que deixou em palavras que aquecem a alma.

Beijinhos com carinho
Sonhadora

Linda Simões disse...

Maria João,

gosto mesmo do que escreves:




"Turva, se desenha a curva
do meu corpo
Na lama que o molda
e o alimenta
e lhe toma o pulso e o inflama
E da semente, cresço raiz
e emerjo, alma de gaivota
resgatada pelo sol
Perene flor
Alma solta"

(Vi no blog do Jaime)


Beijinhos,


Linda Simões

Vanda Alves disse...

Janeca,
Arrepiei-me. Como quase sempre me arrepio ao ler as tuas "mensagens".
Quanta saudade das tuas escritas, dos teus momentos lindos de inspiração...
Tu serás sempre linda, sensível...
Beijinhos, Amiga!

Zélia Guardiano disse...

Maria João
Encontrei-a no blog do Jaime Latino e vim conhecer seu espaço.
Felizmente, pois encantaram-me os seus escritos!
Tudo lindo demais!
Virei sempre: sigo-te.
Abraço

Gisele Resende disse...

Amiga,

a poesia que nos liberta,

beijinhos

Gisele

A.S. disse...

Maria João,

Belo poema! Senti despertar todas as emoções...


Abraço
AL

Unknown disse...

Boa noite Maria João,
Um poema denso e profundamente triste, mas muito lindo!

Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas

João Correia disse...

Porque é que na profunda tristeza do nosso ser se desenham as mais belas expressões desse sentir? Porque temos de nos desesperar, sofrer as angústias e as amarguras para dar a conhecer o mais belo que temos dentro de nós? Raros aqueles que o conseguem fazer e tu, João, estás realmente magistral no modo como jogando com as palavras no tabuleiro das figuras de estilo, consegues sublimar tudo o que te atormenta. Belíssimo, querida João, belíssimo.

Branca disse...

Intenso, Maria joão, mas a dôr vem sempre antes do tudo, não existe felicidade sem dor e vice versa, sempre se alternam e sempre a poesia foi e é uma catarse de esperas e de lutas e por vezes o êxtase...

Beijinhos
Branca

**Viver a Alma** disse...

Maria João
Como eu entendo esse grito que é o meu.
E pergunto porque razão cada alma escolhe uns e não outros ventres que melhor se assemelhassem... e não o que contrariamente se permitem sentir...
Será que sentem?!
Porque curiosamente, são essas mesmas almas que aqui, no terreno, guiam cada passo...
pergunto: para onde caminharão?! E porquê?!

Sempre....
(E)ternamente...
Mariz