30 de junho de 2012

A arte de fazer parte




Na circunferência da terra, grande é a vinha e nela se contorcem as cepas, amparadas pela espera dos cachos. 
Oiço-lhes os carpidos, dissolvidos no assobio do vento e ajeito-lhes as parras de luz e de sombra.
Generosas, pedem-me que beba do bago, a transparência do sangue que lhes adoça a grainha e eu sinto em mim, o calor do néctar que nos une em pertença.

in: Do outro lado do espelho, (2011:p 60 )

6 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Não comento
Penalizo-me de não ter teu livro

Lídia Borges disse...

Tão atual, tão "nosso", nesta vinha sempre carpindo esperas.

Beijo meu

A.S. disse...

Maria João,
Quando te exalas em palavras, antecipas a prova do mosto!...
Belissimo texto!


Um abraço e um bom domingo,
AL

Filoxera disse...

Servido na pele, o néctar da feliz embriaguez dos amantes...
Adoto a tua escrita.
Beijos.

AC disse...

Maria João,
Poderia falar do sabor das coisas simples e naturais, mas iria sempre ter à mesma fonte, à tal onde se abraça a vida...
Belo!

Beijo :)

Branca disse...

Maria João,

nunca diria melhor que o AC, está ali toda a essência da vida...que tão bem entendes e sentes.

Voltarei.

Bejinhos