17 de março de 2011

Só por hoje



Só por hoje
só a vida vale, só ela importa.

O mundo é uma folha que se rasga
enquanto os homens morrem
tombados
como baralhos de cartas
e as árvores choram desventradas,
raízes expostas
reduzidas a nada
expulsas à força pelo centro da terra
sem armas, sem guerra
só silêncio, sal e mais nada.

Só por hoje
só a vida é, só ela importa
e nada mais há
que esta frágil existência.

22 comentários:

Gisele Resende disse...

Amiga Maria João,

Quanta verdade... somente ela, a vida. O instante que ela representa,

beijinhos

Gisele

manuela baptista disse...

só por hoje, Maria João

na folha rasgada que é o mundo

eu queria escrever o nome
daqueles japoneses que estão comigo

nos livros que leio
nos filmes que gosto
na música que sei

Haruki Murakami
Takeshi Kitano
Ryuchi Sakamoto

porque também eles se rasgaram um pouco

e só a vida e nada mais

um beijo

manuela

Jaime Latino Ferreira disse...

MARIA JOÃO


Querida Amiga,

Costuma dizer-se que o estado sólido é o mais concreto, palpável de todos ...

No Japão, à magnitude das suas deslocações, poucos terão morrido, o estado líquido, devastador, dizimou a eito e quanto ao gazoso, oxalá não se transforme numa bomba relógio ao retardador!

Há, todavia, um outro estado que talvez importe aqui e nesta hora frisar que permanece e a todos os outros resistirá!

Oxalá!!!

Um beijinho


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Março de 2011

A.S. disse...

Sim Maria João! É tão ténue a linha em que a vida se sustenta! É tão breve o instante em que tudo é nada!


Um beijo,
AL

Agulheta disse...

È Maria João! A vida é tão pequena perante esta tragédia,que somos todos impotentes junto dela.Num segundo um sopro e tudo cai como o baralho de cartas,leva sonhos e vidas.
Beijinho

Anónimo disse...

Boa noite amiga João,
só a vida vale, e as árvores tombadas com as raízes expostas, o amontoado de destroços e toda a destruição a que os nossos olhos assistem, fazem-nos sentir o quanto somos frágeis perante a natureza.

Bonita homenagem ao povo Japonês.

Beijinho,
Ana Martins

Dulce AC disse...

"Só por hoje
só a vida vale, só ela importa"

Uma oração.
Um pensamento.
Um grande abraço,
para sempre.

Muitos beijinhos para ti num forte abraço.

dulce

Mel de Carvalho disse...

Minha querida amiga,
a questão é que, não raras vezes, nos "esquecemos" da nossa finitude. Do traço (ponto) que separa a vida de outras vidas além da vida, no lugar possível(?) do reencontro. E, nesta cómoda forma de estar, nos esquecemos da palavra mais importante e deixamos que entre as mãos se escoe o tempo sem a pronunciar...
Querida amiga. Digo-a agora: gosto MUITO de ti. Acrescentas-me pela tua ENORME Humanidade (além de seres ENORME poeta...)

Beijito com muito carinho e já saudade
Mel

Mariazita disse...

Querida Amiga
A Natureza tem uma força aterradora.
Perante essa força é que tomamos consciência de como somos frágeis e impotentes.
Apenas um elo nos liga à vida, que num segundo pode desaparecer.

O teu poema comoveu-me (não me perguntes porquê...)

Acerca de...ausências, eu diria que te entendo muito bem.
Há alturas em que é preciso respirar fundo para ganhar novo alento.
Mas o mais importante é saber que estás aí, do mesmo modo que sabes que eu estou cá...

Um beijo GRANDE.

Lídia Borges disse...

Ninguém consegue ficar alheio, mas não sei se por desgraça ou ventura o homem esquece e segue em frente até que o fino fio da existência se desfie e parta.
Admiro a grandeza das tuas palavras e nelas me encontro.

Um beijo

Anónimo disse...

Só por hoje e não só, a vida importa, só ela ... mesmo na sua frágil existência.

Obrigada por este carinho sentido.

Beijinho

Branca disse...

A vida é o momento que passa, "só por hoje", só por este momento ela vale e pensando nisso é pena que os homens não tenham essa noção na solidariedade com que se devem acrescentar, porque mais forte que todas as glórias é a natureza que nos dá tanto, mas que também pode ser avassaladoramente feroz, sobretudo se não a respeitarmos.

É difícil ter palavras para estes momentos e para comentar o teu belíssimo poema. Tenho apenas silêncios sentidos e abraços.
Quem me dera poder abraçar aquele povo inteiro...!

Um grande beijinho para ti, minha querida e doce amiga.

Branca

Tere Tavares disse...

Somos pequenos fios à navalha dos segundos, secretos rumores de existência, à sorte que vier:
à humanidade resta, quiçá, render-se, esquecendo, sem esquecer disso.
Tu nos ajudas a lembrar Maria João.
Beijo

Sotnas disse...

Olá Maria João, desejo que tudo esteja bem contigo!
Tristes imagens todo o planeta assistiu. A constatação da já conhecida força da natureza, sim conhecido por todos os seres vivos. Já que somos parte dela, temos a ciência de sua aterradora força, pra tudo, até mesmo para destruir!
Então está mais do que na hora de nos portarmos como parte deste todo que é a natureza, vivermos como aliado, não feito inimigo, destruindo partes do nosso todo!
Que tal agora além de chorar os que se foram, alterar nossas atitudes para com o meio em que vivemos! Temos ainda chance de não fazer desaparecer a todos e tudo!
Belo texto por você postado, apesar da natureza dolorosa contida, parabéns!
Desejo a você e todos ao redor infinita felicidade, obrigado pela amizade, abraços e até mais!

rosa-branca disse...

Olá João, já a minha avó dizia que a vida é um vale de enganos, que por vezes nos engana a nós... só a vida amiga nada mais importa. Beijos com carinho

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Quanta verdade no teu poema, quantas vezes damos importância a detalhes,e há tanta coisa mais importante que deixamos para trás, adorei a reflexão.

Beijinhos com carinho
Sonhadora

Virgínia do Carmo disse...

João, o teu poema dói, porque é intensa a alma que o atravessa.
E a humanidade sangra mesmo... o sofrimento não é invenção dos poetas...

Recebe o meu terno e saudoso abraço...

João Correia disse...

Também por entre as palavras sentidas há espaço para uma homenagem dirigida a todos os que pereceram na tragédia que recentemente nos acordou para a dura realidade de que a vida, afinal, pode ser apenas um simples fio de seda.

Um beijinho.

Nilson Barcelli disse...

A vida é mesmo volátil.
Mas ela faz parte da natureza e, por isso, é muito natural que se acabe como o resultado do que acontece de pior... de "uma folha que se rasga", por exemplo.
Querida amiga, o teu poema é soberbo. Parabéns pelo teu talento poético.
Beijos.

Sofá Amarelo disse...

E as folhas do mundo são cada vez mais finas... e o silêncio é cada vez mais frágil...

AC disse...

Que dizer? Maria João, a sua sensibilidade é qualquer coisa de grandioso!!! Parabéns!

Beijo :)

Filoxera disse...

E que todos os dias pensemos "só por hoje".
Beijinhos.