19 de junho de 2012

Desertos de palavras



Entristecem os sorrisos

De coração atado dentro da boca
Não sabem como dizer
Que nas mãos, talvez ainda coubesse o verde das colinas
E nos olhos, a razão de todas as nascentes
Mas a voz exangue é uma escarpa, uma vereda
De saliva quente em poeira azeda
E as sílabas são ruínas dos olhares poentes

Definham no chão, os sorrisos
Na rua só se encontram
Desertos imensos de palavras. 

 


Pintura de; Shahrad Maked Fazeli



10 comentários:

AC disse...

Um poema eivado de tonalidades tristes, mas belíssimo.
É uma artífice das palavras sentidas, Maria João!

Beijo :)

Rogério G.V. Pereira disse...

Cantava um outro poeta
muito, mas mesmo muito mais antigo
que todo o mundo é feito de esperança
acredito mais nesse cantar
do que na tua desesperança

Já oiço um oásis de palavras queridas
e de sorrisos que se levantam do chão

Menina Marota disse...

Triste, mas tão belo este poema!
"...
Na rua só se encontram
Desertos imensos de palavras."


... mas é com palavras destas que a alma oferece a poesia mais pura.

Grata por este momento.
Um beijo

Lídia Borges disse...

De como se inscreve Alma.
Porém há que trocar as voltas ao mundo nas voltas tortas que ele dá.

As palavras podem? Não sei.
Mas não havendo mais nada...

Um beijo

Hanaé Pais disse...

Não!
Na rua encontramos o verde das colinas, as àguas das nascentes e o òasis das queridas e meigas palavras.
Chegou o Verão e com ele o brilho de uma nova, verdadeira e doce emoção...
E a Esperança chegou de manso ao nosso coração...
Basta abrir agora a mão e receber com toda a Gratidão...

Brígida Luz disse...

Boa noite, Maria João

Muitos parabéns pelo seu blogue
e pela beleza das suas palavras, a sobrevoarem silêncios.

Como sua leitora, agradeço-lhe os bons momentos de leitura
que aqui me proporciona.

B. Luz

Rosario Ferreira Alves disse...

nem tudo é deserto. e existem oásis de palavras como este - canto de detalhes luminosos enormes.

água doce e muito verde

beijinho enorme, querida amiga

Nilson Barcelli disse...

O que há mais são desertos de palavras.
Mas poesia tão boa como a tua, não há muita...
Excelente, gostei imenso.
Maria João, querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.

Rosa Carioca disse...

Muito triste e, infelizmente, muito verdadeiro, sem deixar de ser belo.

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Um belissimo e sentido poema, bem ao meu gosto... Parabens adorei ler

Beijinho