31 de julho de 2012

Neste tempo de nada



Pegarei neste tempo de nada
E numa cesta de dias mornos
Guardarei o sermão das colinas
O perfume que resta dos pinheiros
E a seiva de sonhos novos.
Caules verdes a romperem cinzas.

À janela
Do meu peito de silêncio
Deixarei sentar o sol
A vida em flor das sardinheiras
E a saudade dos teus olhos.
Convosco darei a volta ao mundo
E beberei dos riachos
A candura das palavras
Que me agarram sempre à terra
E me salvam do abismo
Porque é neste tempo de nada
Que colho o tudo que preciso.

11 comentários:

Lídia Borges disse...

Fazer do "tempo de nada" um tempo de tão fartas e belas colheitas, só mesmo para poetas de alma lavada.

Beijo

Rogério G.V. Pereira disse...

Tenho dois prazeres
Escrever
Te ler
(E mais um ou outro que anda por aí...)

Mar Arável disse...

Neste tempo de nada

há sempre um poema que desperta

e já é tanto

Bjs

A.S. disse...

O "tempo de nada" é o tempo onde a poesia é a torrente imparável de um rio ansioso por chegar à imensidão do mar!...

É sempre uma delicia ler-te Maria João!

Um abraço
AL

Rosa Carioca disse...

"Deixarei sentar o sol". - PERFEITO.

AC disse...

Maria João,
Mais que nunca há que olhar para o essencial.
Maravilhosas palavras, minha amiga!

Beijo :)

Branca disse...

E é na candura de toda a natureza que existe à volta de nós e em nós próprios que toda a vida renasce.

Beijinhos, Maria João.

BL disse...

Também aqui reside a magia da blogosfera:
a possibilidade de “conhecer”,
“no lado de lá”,
pessoas de alma transparente,
com um coração do tamanho do mundo,
dispostas a doar tanto do que sentem,
na maciez das palavras.
Posso estar no meio de uma multidão
e ter a sensação de que nos vamos encontrar
aqui perto,
“no lado de cá”,
no local e hora habituais,
de olhos nos olhos,
para trocarmos vozes e palavras,
que poderiam ser lagos ou marés,
pássaros ou silêncios.
Que poderiam ser tardes inteiras.

A minha gratidão por estares comigo,
querida Maria João,
e me ofereceres laços
de generosidade e simpatia.

Um beijinho muito grato,
por tornares os meus dias mais luminosos
e perfeitos.

Brígida

Nilson Barcelli disse...

Sortuda... isso é que é vida...
Mas valeu a pena tudo isso, porque o teu poema é mesmo excelente. Qualquer poeta de nomeada gostaria de o ter escrito.
Beijo, querida amiga.

Bergilde disse...

Tempo de férias mas a poetisa destas sabe bem com sua sensibilidade aguçada gozar.Lindo demais cada vez passar por aqui!
Abraços,

Tere Tavares disse...

É preciso também o nada, precioso como tudo.