12 de abril de 2012

Do centro das árvores



Há tornados a nascerem do centro das árvores
Tácitos murmúrios de vento
Capazes de expulsarem raizes do fundo da terra
De as dizerem
Como eu digo
Sem que as flores desistam de serem fruto
Nem as promessas, lugares felizes
Onde acordamos a memória de sermos
Mais do que uma chaga cerzida
À flor da pele, pronta a sangrar de novo
Há um tempo que vive
No centro das árvores
Um tempo que persiste
E espera o tempo, serenamente
Porque só a morte tem pressa.



16 comentários:

Virgínia do Carmo disse...

Quem diria que do centro das árvores poderia nascer tanta poesia.

Belo, como sempre.

Beijinho imenso, querida João.

Lídia Borges disse...

Há uma antinomia a marcar o poema como uma luta contida que se trava no subsolo, no subconsciente, talvez. Falo do binómio "tornado"/"serenidade" em redor do qual se expande o poema.

Lindo!

Beijinho

José María Souza Costa disse...

Linda a sua poetica


CONVITE

Primeiro, eu vim ler o seu blogue.
Agora, estou lhe convidando a visitar o meu, e se possivel seguirmos juntos por eles. O meu blogue, é muito simples. Mas, é leve, dinamico e sobretudo Independente. Palpitamos sobre quase tudo. Diversificamos as idéias. Mas, o que vale mesmo, é a Amizade que fizermos.
Estarei grato, esperando VOCÊ, lá.
Abraços do
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com

Rogério G.V. Pereira disse...

Acordemos, então, a memória de sermos
O resto tudo se resolve
(mesmo que seja apressada, a morte)

Mar Arável disse...

Não há morte nem princípio

tudo se renova
Bjs

Fá menor disse...

Do centro do corpo, tornados violentos soltam-se, quantas vezes, em leves murmúrios... ou nem isso. Por vezes, é preciso que o silêncio os abafe... e esperar.

Fernando Santos (Chana) disse...

Belo poema...Espectacular....
Cumprimentos

Branca disse...

As árvores têm uma vida que perdura para além dos troncos e das raízes imensas que se prendem à terra. Como dizes há um tempo que vive dentro delas, serenamente e nos transmite um não sei quê de sobrenatural.
Conheço um conjunto de castanheiros, alguns centenários, numa aldeia de Sabugal e mesmo aqueles que já só têm um tronco enorme e seco, escavado por dentro, mantêm-se de pé, como estátuas vivas. Faziam as delícias da minha filha em pequena, que gostava de se meter dentro deles, como os esquilos, ou de percorrer os campos apanhando as castanhas caídas, de dentro dos ouriços. A natureza é também isso, comunhão, alegria, partilha.

Também os amigos são árvores que ganham raízes e fazem parte da nossa história, por isso estou por aqui, sempre.

Beijinhos
Branca

Bergilde disse...

Conhecer-se melhor através da observação desses pequenos grandes detalhes presentes na natureza.
Abraços voltando ao blogspot!

Filoxera disse...

E há toda uma seiva que é vida e que partilhamos, nomeadamente com a poesia que gera em nós.
Adorei o post e o comentário da Branca.
Beijos, amiga.

Rosa Carioca disse...

Quantos tornados surgem do nosso calmo e aparente calma...

Mel de Carvalho disse...

apenas o tempo sabe do tempo certo de ser poema.
apenas a morte tem pressa em acontecer.

é tua a sabedoria de ser palavra-poesia.

sabes o quanto admiro os teus textos. daí que dizer "belo" seja, de alguma forma, um pleonasmo. ainda assim, digo: belo, João. muito obrigada.

beijo daqui
Mel

Nilson Barcelli disse...

Os tornados nascem sempre no centro das coisas...
Mas, depois deles, vem a bonança.
Excelente poema, gostei imenso.
Maria João, querida amiga, tem um bom domingo e uma boa semana.
Beijos.

Andy disse...

Maria João, trazes magia na voz...
e que bela música!
sempre um encanto voltar aqui.

beijinhos!

ponto e virgula disse...

um poema que reflete vida. vida, a começar pelas palavras feitas Poesia, na sua mais nobre riqueza.

de uma sabedoria maior, esta árvore revela momentos a seu tempo.


a...té

AC disse...

O recontro com nós próprios, o esgravatar naquilo que nos move, faz nascer palavras assim, belas e profundas...

Beijo :)