27 de fevereiro de 2012

No avesso das máscaras


                       René Magritte, Le double secret, 1927, óleo sobre tela.

Somos a metade que é, e a outra que procura ser e se desconhece.
A que chega e a que parte, na troca de dias e noites a unirem uma só realidade à beira do crepúsculo. 
E nunca são iguais os mesmos rios no avesso das máscaras, porque diferentes são os rostos que plantamos nas margens, num tempo em que não nos sabemos e sofremos por nos tornarmos conscientes disso.



11 comentários:

Branca disse...

Grande reflexão filosófica e psicológica Maria João...!

Há sempre momentos em que não nos sabemos, em que nos procuramos e nos reencontramos e também nos acrescentamos em vivências ao longo dos anos, em dúvidas e algumas certezas, que também se podem aperfeiçoar mesmo que as bases e a raiz não se alterem no essencial, mas antes se transformem numa árvora mais frondosa.

Das certezas absolutas e de convencimentos vários não cresce a beleza do espírito das águas...e o sofrimento é muitas vezes o adubo da verdadeira felicidade que é sempre serena.

Beijinhos
Branca

Rogério G.V. Pereira disse...

É, sobretudo, bela esta proposta. Mas não é coincidente com a minha. Esta, como é sabido, diz que somos,não duas mas três as partes: uma feita da razão, e que conhecemos razoavelmente; outra, de sentimento e que vamos aprendendo a conhecer; a terceira é a que reúne a capacidade de optar de entre o permanente diálogo entre a razão e o sentimento. Somos isso a cada momento. Dei nome a esses três seres que há em cada um de nós... Meu Contrário, Minha Alma e Eu, a parte mais visível de mim e que sempre me surpreende.

Bergilde disse...

Fico pensando como deve ser bom ser ator pois vive trocando de máscaras e trabalhando com isso,mas sem atrapalhar a própria essência.
Abraços e sou fã incondicional da Lorena.Amo essa canção!

Lídia Borges disse...

Magritte! Sim, sugere esse rio de água que em nenhuma circunstância poderá regressar à nascente. Logo, diria que somos em cada estação o fruto possível.

Beijo meu

Tere Tavares disse...

Somos efêmeros, tanto em estados como em matéria.
Beijo Maria João.

Rosario Ferreira Alves disse...

a sabedoria de quem olha para a vida e a vê. a sensibilidade nas mãos de quem sabe usar as palavras. adorei esta dissertação sobre a dualidade do ser e as imagens com que nos revelas o que se esconde.

bom ler-te. sempre.

beijinho!

Rosarinho

ponto e virgula disse...

estas duas metades que somos. a que já conhecemos (será?) e a que se mantém na ignorância do conhecimento.

será que alguma vez deixaremos de ser estas duas metades, que seremos conhecedores do que somos... ou não?

eu gostava de, pelo menos, saber se sei tudo sobre mim...




a...té

Filoxera disse...

Concordo com o Rogério: somos o que pensamos, o que sentimos e o que resulta da conjugação do que sentimos com o que pensamos.
Beijos.

Jaime Latino Ferreira disse...

MARIA JOÃO


Querida Amiga,

No avesso das máscaras a integridade que prevalece!

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Março de 2012

A.S. disse...

Maria João,

Muitas vezes eu confundo o avesso! Fico sem saber se é uma máscara que uso na realidade das coisas...


Um terno abraço!
AL

Virgínia do Carmo disse...

Apenas nos sabemos metade quando nos (re)conhecemos inteiros. E assim nos completamos, sem nunca nos encontrarmos - inteiramente.

Que posso deixar-te senão a minha gratidão pela honra de te ler, aqui e na vida?

Beijo grande