11 de fevereiro de 2012

Detalhes de poesia ( Lídia Borges)





















Aquele banco de jardim, abrigado pela árvore
tem histórias p'ra contar.
Fala de pássaros, de ninhos, de meninos a brincar.

Fala de um velhinho
que reparte pelos pombos saquinhos de afeição:
migalhas da migalha à sua mesa.
São eles os seus amigos, é com eles que conversa.
Conta dos filhos ausentes, do lar, da solidão...

Depois vem o outono expulsar os passarinhos
Vem o inverno p'ra ficar eternamente...

Porém, uma manhã, de repente
os pássaros voltam a encher de vida os ninhos,
voltam os pombos, o sol e o riso dos meninos.

Mas algo se faz diferente, alguma coisa mudou.
À tarde, naquele canto sombrio, o banco jaz vazio.
O velhinho não voltou.


" Banco de  Jardim " de Lídia Borges

9 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Poeta
diz à poetisa
quanto a adoro

Poeta `
diz-lhe também
que lhe retire a sina
e a desdita
Nem todos os Invernos
são eternos

Poeta
diz-lhe também
que a morte é assim
deixa-nos sempre um banco vazio
num qualquer canto, sombrio

Sabes poeta
o porquê deste recado?
É que não tarda, serei velhinho
e se me não assusta a morte
não quero nem pensar ficar sozinho

Virgínia do Carmo disse...

De uma ternura imensa. Como a Lídia sabe tão bem dizer.

Beijinhos, João e Lídia.

Rosario Ferreira Alves disse...

uma sensibilidade comovente...a contemplar o belo onde a poesia poisa. o olhar de qquem sabe ver.

obrigada João por esta partilha. Obrigada Lígia por este sentir tão bem (d)escrito...

beijinhos às duas


Rosarinho

Rosa Carioca disse...

Muita sensibilidade.

Daniel C.da Silva disse...

Não conhecia e tem um final surpreendente. Gostei muito.

Um beijinho, Maria João :)

Lídia Borges disse...

Grata, Maria João, por trazeres aqui estas minhas palavrinhas, pela música, pela imagem, pelo carinho...


Beijo meu

Mel de Carvalho disse...

Quão belos os gestos de trazer aqui a beleza dos poemas de Lídia.

Beijo, minhas amigas.
Obrigada a ambas

Mel

Branca disse...

Extraordinário este poema da Lídia, cuja poesia me prendeu sempre desde os primeiros tempos em que a conheci, porque é assim feita de muita vida e muito amor. Sim, porque a vida também é isso, partilha e dor.
Fez-me lembrar a minha avó, que já velhinha me aparecia em todos os cantos, mas ouve um dia assim, em que a sua rua ficou vazia dela, só fisicamente, porque todas as vezes que lá passo me lembro de todos os sítios em que me aparecia e a saudade deixa também essa doçura das boas vivências, ainda que às vezes acompanhada de uma lágrima.

Beijinhos Maria João e obrigada por este momento.

Branca

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Olá Maria João

Quase sem palavras, um poema fantástico da nossa amiga Lidia uma escolha excelente que enobrece este belo blogue. Espero que tudo esteja a correr bem, volto breve.

Beijinhos a ambas e parabéns