12 de dezembro de 2011

O tempo dos presépios



É tão breve o tempo dos presépios.
É tão estreita a frincha da janela,  por onde deixamos entrar o céu,  a cintilar em cada um dos quatro cantos de uma solidão espessa e indizível.
De peito quase aberto, acertamos a sintonia dos compassos da humanidade, e os olhos demoram-se mais no interior silencioso das coisas. Há agora, um desejo maior de sermos, a luz que aquece o coração de todos os flocos de neve e a pele que veste o corpo rasgado dos afectos.
Mas é tão efémero o tempo dos presépios, que me excedo já em nostalgia e procuro em mim, o trilho certo para a eternidade dos momentos.  



17 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Fui buscar
areia e pedras
à praia de Santo Amaro
No meio do entulho
encontrei
o que procurava
para montar o presépio
Me ia interrogando
enquanto o ia montando
Porquê?

Acabo de encontrar a resposta
Não posso reduzir a zero
um tempo que já é efémero

Lídia Borges disse...

O tempo dos presépios constrói-se "na luz que aquece o coração dos flocos de neve".
É uma tarefa incomensurável, aquecer corações tão frios e vestir o "corpo rasgado dos afectos". Destes propósitos direi que são um belo "sonho" de Natal que só um coração sensível e solidário como o teu é capaz de sonhar, de realizar, para além do tempo dos presépios.

Um beijo

Mar Arável disse...

Leio-a sempre como quem se eleva

e talvez por isso
em todas as estações
conforme as marés

subo a minha escarpa
só para incendiar as mãos
e desenhar-lhe um verso
Bjs

Rosario Ferreira Alves disse...

penso que o teu silencioso caminho é feito de poesia e sensibilidade...e é uma honra seguir-te neste trilho tão belo. obrigada pela partilha do teu saber/ser...

beijos.muitos


Rosarinho

Filoxera disse...

Cada momento pode ter o seu quê de eternidade se soubermos valorizá-lo...
Um beijo.

sérgio figueiredo disse...

tudo tem uma côr, um cintilar, basta querer e não requer "som".

o teu coração é uma fonte de energia "eterna" que ilumina muitos presépios e lhes dá essa tal côr, esse cintilar denunciando... aqui há vida!

abre bem essa janela...

bj...nho

Jaime Latino Ferreira disse...

MARIA JOÃO


Querida Amiga,

Descoberto o trilho certo para a eternidade dos momentos ... o tempo dos presépios subverte-se!

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Dezembro de 2011

Nilson Barcelli disse...

O tempo dos presépios acaba por ser um hiato dentro da selva que dura o ano inteiro…
Querida amiga Mª João, adorei o teu texto. Magnífico, como sempre.
Beijo com sabor a presépio...

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Passando para agradecer o carinho de sempre e oferecer uma fatia de bolo do meu aniversário...embora virtual é de coração.

Beijinhos com carinho
Sonhadora

Rosa Carioca disse...

O tempo dos presépios dura enquanto quisermos...

manuela baptista disse...

a eternidade começa já aqui

e um berço

pode ser até a concha de uma mão
quentinha

um beijo

manuela

Bergilde disse...

Momentos felizes passam a ser eternos em nossas lembranças.Se não fosse assim a vida perderia sua graça,ao menos penso dessa maneira.A poesia,a arte como um todo tem esse poder de resgatar esse valor incluindo o tempo dos presépios como você titualizou.
Abraço carinhoso,

Virgínia do Carmo disse...

Se encontrares o trilho, ensina-mo, João.

Profundamente belo como sempre. Obrigada.

Um beijinho enorme e um Natal muito feliz!

Sotnas disse...

Olá Maria João, que tudo esteja bem contigo!

A cada postagem tua que leio mais me encanta a sensibilidade empregada nos teus versos, palavras simples, mas que carregam tantos sentimentos. Perfeitas escolhas das imagens. É isso, passar por cá é sempre deveras agradável ler tantos belos sentimentos em poucas, porém sentidas palavras. Agradeço por compartilhar teus sentimentos com os amigos e desejo a você e todos ao redor um intenso e feliz viver, sempre, abraços e até mais!

Mariazita disse...

Querida Maria João
Na vida tudo é efémero...excepto a recordação que fica para sempre na nossa memória.
Eu tenho um presépio armado todo o ano (nesta época armo outro, por baixo da árvore de Natal). Talvez, no fundo, represente o meu desejo de que "os presépios" não sejam efémeros...

Estou fazendo a minha ronda de três ou quatro blogs por dia, e hoje a roleta apontou para ti :)
Voltarei, quando der a volta...

Até sempre, minha amiga. Beijinhos

Mel de Carvalho disse...

na brevidade do tempo dos presépio, minha querida amiga, só as estrelas sabem dos caminhos e da leveza dos dias que Janeiro haverão de trazer aos olhos dos homens de Fé. depois o tempo corre, como as águas dos rios, a madrugar as algas e nós somos de novo sol e chuva e chuva e sol. e, nesta viagem do tempo até ao tempo dos presépios, sei-te ai. uma luz, uma estrela-guia, como são os que nos conduzem a bom porto. o Natal não chegará sem te dar aquele abraço, bem sabes:)

Obrigada, minha amiga.
Beijo daqui

AC disse...

Pois é, Maria João, não basta este breve tempo, alimentado pelo maravilhoso da infância. Queremos mais, lutamos por mais. E a luz do poeta carece de ser alimentada eternamente...

Beijo :)