23 de setembro de 2008

A propósito de persistência....


História da lebre e da tartaruga sem U’s


Todos os dias, na verde floresta pintada em tons primaveris, a lebre, elegante mamífero roedor herbívoro da ordem dos lagomorfos, vangloriava-se de ser o animal mais rápido da região. Não havia vertebrado e invertebrado mais veloz, e dizia-o à boca cheia. Sem receios nem contemplações.
Os animais já se mostravam descontentes com tamanha bazófia, mas lá se iam deixando ficar. Todos menos a lenta Podocnemis expansa, animal verde conhecido por não entrar em grandes correrias. Farta de tamanha tagarelice, e após ter sido gozada de novo pela veloz saltadora, fez ver à lebre o descontentamento sentido. “Desafio-te para a Corrida das Corridas”, disse a lebre exibindo de novo o físico trabalhado e aproveitando-se da irritação do animal da carapaça. A nossa amiga, cheia de determinação, de imediato disse-lhe: desafio aceitado! ( Nota do escrivão: os animais têm o hábito de dizer aceitado em vez de aceite). Todos os animais abriram a boca de espanto com tamanha coragem. De imediato escolheram a raposa, mamífero carnívoro da família dos Canídeos, para ser a fiscalizadora de tal evento desportivo. Esta escolha não foi pacífica dado os lagomorfos pertencerem à dieta alimentar do dito fiscal, levantando óbvios problemas éticos. O bom senso prevalece sempre na floresta, e a escolha foi mesmo ratificada.
De entre os Picidaes aptos para dar a largada, todos concordaram no Rei pelo passado apresentado. E foi assim… Na manhã após o repto ter sido lançado, os dois competidores estavam prontos para a partida. A lebre, como se esperava, pôs-se logo na frente. A vantagem foi sendo cada vez maior até a lenta rival desaparecer de vista. A vitória está no papo, foi o pensamento do animal com orelhas grandes, posso até descansar nesta sombra e esperar pela coitada. Dito e feito. A sombra era convidativa para esticar as pernas, e ao fim de certo tempo, os olhos começaram a fechar-se.
A soneca foi maravilhosa, o despertar nem por isso. A algazarra era enorme, e o sobressalto sentido não o foi menos. O lento animal tinha mantido a passada inicial e já estava a chegar à meta. Não havia nada a fazer. A corrida estava irremediavelmente perdida. Agora só lhe restava chorar.
O texto é daqui
Moral da história:
1 - Ser trabalhador e persistente na perseguição dos nossos objectivos é, mesmo quando a derrota parece quase inevitável, o principal meio para os alcançarmos.
2 - Se confiarmos demasiado no nosso sucesso e nada fizermos para o obter, o fracasso, mais dia menos dia, irá surpreender-nos.

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