27 de janeiro de 2009

Para que reze a história...

Filho da Azinheira, como gostava sempre de dizer, nasceu naquela pequena aldeia do concelho de Oleiros, num tempo em que o mundo se circunscrevia ao perímetros dos pinheiros a perder de vista . Estes rodeavam as casas feitas de pedra e divisórias em madeira que hoje em abandono e ruínas ainda lá permanecem, apenas para fazer lembrar a história.
Em pequeno era traquinas, dizem!
Filho de gente pobre, guardava cabras com os irmãos, depois de chegar da escola, pelo meio daqueles montes e vales onde o pai era resineiro.
A mãe, cuidava da horta onde às vezes também plantava linho e tratava do porquito, que mais tarde haveria de salgar, curar os seus presuntos e os enchidos que dariam sustento à família.
Sempre mostrou orgulho pelos pais, e pela suas origens. Sempre nos transmitiu isso.
Aventurou-se por Lisboa ainda muito novo, apoiado pelo irmão mais velho. Foi empregado de mesa, e aproveitou ao longo da vida, todas as oportunidades para se tornar exímio nessa arte.
Foi militar de paz e de guerra e foi nessa guerra, à qual sobreviveu, que casou e viveu sem nunca a ter verdadeiramente compreendido.
Foi um especialista na minúcia da construção de um selo. Foi um homem rigoroso, orgulhoso e por vezes austero.
Nem sempre compreendeu e nem sempre foi compreendido. Mas foi um homem simples na sua essência, que soube transmitir, por linhas direitas e tortas, os valores do dever e da honra, da humildade e do trabalho.
Nem sempre foi a melhor pessoa, o melhor marido ou o melhor pai. E soube reconhecê-lo.
Fez um percurso, o seu percurso. Com ele condicionou outros, é verdade. Mas também foi condicionado!
Não deixou de aproveitar a segunda oportunidade que a vida lhe deu para ser diferente. E conseguiu. Orgulhou-se de o ter feito e eu também!
Foi meu Pai!
Faz hoje oito anos que partiu, e com tudo o que foi e o que viveu, continuará sempre presente na memória e na vida das suas filhas.

1 comentário:

lobices disse...

...também tenho saudades do meu... já partiu há mais de 22 anos... partiu cedo... mas está sempre presente a meu lado... é o meu guia, o meu Anjo da Guarda... o meu herói...