No arrepio das águas
chega o vento,
inquieto e frio
à procura da serenidade das coisas simples
que outrora impregnavam a pele dos barcos
e hoje, já não moram em lugar nenhum.
São apenas,
fracção ínfima do verbo amar
intento perplexo
entre mundos alucinados
que morrem, rente aos mastros
sem nunca terem sabido
como hastear uma bandeira.
16 comentários:
Percebe-se a inquietude do vento que, na sua aparente leviandade, carece de constante equilíbrio.
Sondamos o vento, mas ele continua na sua demanda...
Beijo :)
MARIA JOÃO
Querida Amiga,
Fracções ínfimas já são, pelo menos, tentativas, ensaios do verbo amar ...!
Um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Julho de 2011
Tão lindo Maria João e profundo e sereno...
Tu sabes como hastear a bandeira das coisas simples, pressinto... e é tão fácil o amor assim.
Hoje mesmo dizia-me ao almoço uma amiga que vem dos meus 14 anos,que continua igual a si mesma na meia idade, de como é tão bom não nos enchermos do que nos sobra e vivermos apenas com o que nos acrescenta a alma e nos faz felizes.
Muito mais falamos e o teu poema acrescentaria tanto à nossa conversa, dizendo tudo assim em poucas palavras.
Beijinhos
Branca
Boa tarde, Maria João
Estive uma semana afastada do pc. Recebi em minha casa uma grande amiga que talvez já tenhas visto "por aí", (a Sãozita, do blog 'No livro da vida'). Veio com o marido e os dois pequenitos, de 2 e 3 anos; foram uns dias excelentes, que no final souberam a pouco:)))
Retornei com o post de domingo passado, que leste.
É triste morrer sem ter sabido hastear uma bandeira... na medida em que esse simples gesto é tão significativo. Mas... houve, pelo menos, uma fracção ínfima de amor.
Uma semana feliz. Beijinhos
A serenidade das coisas simples é hoje atributo de quem sabe tornar infinita qualquer "fracção ínfima do verbo amar". Como tu!...
Um beijo
No mastro mais alto
a sua poesia
Tentarei lá estar contra o vento
Bjs
arrepiada a pele
como a salga do peixe
morrer morre-se sempre
amar não sei
nestes mundos alucinados, para mim o seu poema não é sereno, antes inquietante
um beijo
manuela
Somos dessa forma vazios de amor, inquietos e frios, insensíveis à serenidade das coisas simples.
Maria João,
Na inquietude dos ventos, habitam todos os presságios...
Um beijo,
AL
Maria João,
Estou a adorar reler alguns "reflexos" e a encontrar-te noutros novos "Do outro lado do espelho", onde a tua alma habita.
Beijos
Minha amiga,
talvez seja a hora e tenhamos de aprender a içar bandeiras de luto pela (des)humanidade - Oslo veio recordarmos o quão ínfimos somos.
Talvez seja a hora de nos darmos conta de que o ar que nos respira, respira de igual forma todos os seres e nos iguala...
Beijo, Joãozinha. Belíssimo este poema.
Mel
Não conhecia...grata por partilhares connosco.
As coisas simples estão em baixa... só porque uma grande parte da sociedade prefere as coisas suculentas, que encham o olho...
Mas a nossa alma alimenta-se de todos os bocados de tudo...
Excelente poema, como sempre.
Beijo, querida amiga Maria João.
Minha querida
Como sempre o belo mora nos teus poemas...e é muito triste morrer no mar avistando a praia, adorei e deixo o meu beijinho com carinho.
Rosa
Olá Maria João, desejo que tudo esteja bem contigo!
Concordo que a inquietude dos ventos que sopram nesta modernidade possa tornar mais difícil hastear qualquer bandeira, mas, cabe a nós humanos facilmente adaptáveis a vários meios e sistemas possuir a sensibilidade suficiente de ir somando as frações ao longo da caminhada, e no fim verá que esteve mais feliz que triste, e se não hasteou a sua bandeira, foi por esperar que alguém o fizesse por ele, ou não pensou ser importante! Humanos são tão estranhos.
Assim é a vida tal como o amor, temos sempre que buscar!
E você sempre postando belíssimos escritos e belas imagens também.
Grato por tuas visitas e comentários, eu desejo a você e todos ao redor intensa existência feliz, abraços e até mais!
O vento inquieta-se porque roça e conhece a pele dos homens. Tão bem.
Terno beijinho,de amizade e admiração, sempre
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