Há segredos
Que ocultam vícios
Dismorfias
Carícias infames
Pérfidas
Impróprias
Frias
No abuso das horas
Há lamentos vazios
No bafo quente dos lobos
Que dizem ser homens
Há silêncios
Há degredos
Na vergonha dos segredos
Há rios de vida que morrem
Em nascentes abafadas
Há verdades esborratadas
Pelas asas dos morcegos
Há medos
Deixai que a arca se abra
E se solte sem demora
A verdade amordaçada
Aprisionada
Nessa caixa de Pandora
Olhai com mais atenção
O orvalho que cai encoberto
Às vezes mesmo tão perto
Da árvore que é raiz
Um olhar de amor inteiro
Que em dia soalheiro
Vê a criança infeliz
Para lá do arco-íris
Em muitos desenhos de cor
Existe um risco negro traçado
No rosto de quem devia ser flor
9 de setembro de 2010
Para lá do arco-íris
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24 comentários:
Nem todas as marés são azuis
Bjs
MARIA JOÃO
Querida Amiga,
Há segredos
que descobertos
nos libertam dos degredos
E que bem fica, a enquadrar o Seu poema, esta área que tanto gosto, o Lamento de Dido de Purcell ...!
Quem é que aqui a canta?
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Setembro de 2010
Olá. Estive por aqui. Tudo blz? Muito 10. Apareça por lá. Abraços.
há um risco
uma sombra
quem não tenha direito à infância
a uma caixa com tesouros
onde acaba o arco-íris
longe do bafo da onça
e do medo tanto medo
Maria João
quebrando os silêncios e os degredos
e os segredos
é ter a coragem de enfrentar os homens-lobo e navegar rios de vidas
porque deste lado da íris
estamos nós
e este belo poema!
um beijo
manuela
p.s. peço desculpa pelo comentário eliminado...
Maria João,
Ler-te é um puro fascinio. Um despertar de emoções que nunca mais acabam...
BjO´ss
AL
Felicitaciones por el post y un saludo!
Maria João,
para se ver o arco-íris é preciso ter esperança - lindo o teu poema!
Fico grata por te ler.:0)
Beijinhos e raios de Sol*
O seu blogue é lindo!
quero voltar :-)
.
. há e há.de haver sempre aqui tanto .
.
. no tom do des.lumbre ,
.
.
.
. "amei.de.amar" .
.
.
. um bom fim.de.semana .
.
. um beijo enorme .
.
. paulo .
.
Mais um poema que encanta quem o lê.
Magnífico, querida amiga.
Bom fim de semana.
Um beijo.
Os vícios são sempre ocultados por silêncios secretos embrulhados em lamentos vazios encobertos por orvalhos que apesar de tudo teimam em desenhar arcos-íris em forma de flores...
Estes comentários foram eliminados por mim - Sofá Amarelo - numa noite em que tive o poder da multiplicação dos comentários... antes multiplicasse outras coisas (como poemas, flores, euros) mas enfim, heheh.
Beijinhos e as minhas desculpassss
Admirável poema de denúncia, um grito em nome dos inocentes porque nunca poderia existir "um risco negro traçado/No rosto de quem devia ser flor".
É uma delícia lê-la Maria João, mesmo quando poemas como este nos deixam um sabor amargo. mas para isso existem.
Beijinhos
Branca
Minha querida
Quanta força e sentir neste poema, pulsando de vida, adorei.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Amiga,
sem palavras. Só emoção!
Espetacular!!!
beijinhos,
A admiro tanto... suas palavras tem força e leveza em nossas emoções!
Gisele
Uma caixa de Pandora que acinzenta o arco-íris onde brinca uma criança é uma imagem que faz doer...
Lindo! No ritmo, uma espécie de protesto ao qual me junto.
Um beijo
Maria João, amiga
O teu poema fala de dor, de segredos vergonhosos, actos ilícitos mal disfarçados...
E a criança, a maior vítima, nem mesmo "para lá do arco íris" consegue vislumbrar um desenho colorido que não contenha um traço negro.
É forte, o teu poema, dum realismo cruel, mas verdadeiro.
Gostei! Muito!
Boa semana. Beijinhos, querida.
Maria João
Magistral a forma como descreve uma realidade de todos conhecida, alertando para os aspectos a que se deve dar atenção, sem contudo a nomear.
Jamais se devem menosprezar todos os sinais, ainda que subtis, que possam levar a crer que uma criança não é feliz.
Grata pelo seu selo, foi muita simpatia.
Beijos
MariaIvone
Creio ter sido um poeta a dizer que a poesia não se interpreta, por ser ela a própria interpretação.
Que melhor prova há do que este seu poema?!
Há segredos, silêncios, degredos, medos; uma criança infeliz para lá do arco-íris e um risco negro traçado no rosto de quem deveria ser flor!
As suas palavras, Maria João,são setas apontadas à consciência de quem as lê, e que me fazem sair por aí, correndo, à procura de uma hipótese de futuro diferente deste presente.
Beijinho
Maria João,
Creio que sei onde quer chegar.
Ainda bem que grita, pois todos precisamos gritar, bem alto, em nome da dignidade das coisas.
Obrigado.
Beijo :)
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