Aquele banco de jardim, abrigado pela árvore
tem histórias p'ra contar.
Fala de pássaros, de ninhos, de meninos a brincar.
Fala de um velhinho
que reparte pelos pombos saquinhos de afeição:
migalhas da migalha à sua mesa.
São eles os seus amigos, é com eles que conversa.
Conta dos filhos ausentes, do lar, da solidão...
Depois vem o outono expulsar os passarinhos
Vem o inverno p'ra ficar eternamente...
Porém, uma manhã, de repente
os pássaros voltam a encher de vida os ninhos,
voltam os pombos, o sol e o riso dos meninos.
Mas algo se faz diferente, alguma coisa mudou.
À tarde, naquele canto sombrio, o banco jaz vazio.
O velhinho não voltou.
" Banco de Jardim " de Lídia Borges
9 comentários:
Poeta
diz à poetisa
quanto a adoro
Poeta `
diz-lhe também
que lhe retire a sina
e a desdita
Nem todos os Invernos
são eternos
Poeta
diz-lhe também
que a morte é assim
deixa-nos sempre um banco vazio
num qualquer canto, sombrio
Sabes poeta
o porquê deste recado?
É que não tarda, serei velhinho
e se me não assusta a morte
não quero nem pensar ficar sozinho
De uma ternura imensa. Como a Lídia sabe tão bem dizer.
Beijinhos, João e Lídia.
uma sensibilidade comovente...a contemplar o belo onde a poesia poisa. o olhar de qquem sabe ver.
obrigada João por esta partilha. Obrigada Lígia por este sentir tão bem (d)escrito...
beijinhos às duas
Rosarinho
Muita sensibilidade.
Não conhecia e tem um final surpreendente. Gostei muito.
Um beijinho, Maria João :)
Grata, Maria João, por trazeres aqui estas minhas palavrinhas, pela música, pela imagem, pelo carinho...
Beijo meu
Quão belos os gestos de trazer aqui a beleza dos poemas de Lídia.
Beijo, minhas amigas.
Obrigada a ambas
Mel
Extraordinário este poema da Lídia, cuja poesia me prendeu sempre desde os primeiros tempos em que a conheci, porque é assim feita de muita vida e muito amor. Sim, porque a vida também é isso, partilha e dor.
Fez-me lembrar a minha avó, que já velhinha me aparecia em todos os cantos, mas ouve um dia assim, em que a sua rua ficou vazia dela, só fisicamente, porque todas as vezes que lá passo me lembro de todos os sítios em que me aparecia e a saudade deixa também essa doçura das boas vivências, ainda que às vezes acompanhada de uma lágrima.
Beijinhos Maria João e obrigada por este momento.
Branca
Olá Maria João
Quase sem palavras, um poema fantástico da nossa amiga Lidia uma escolha excelente que enobrece este belo blogue. Espero que tudo esteja a correr bem, volto breve.
Beijinhos a ambas e parabéns
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