Despida por astros que gravitam em céu aberto
E me salvam das nuvens onde tropeço, incauta
Deslindo o enigma do tempo de ser tanto
No nada que sou
Ao sabor dos aromas do vento
Que trazem e levam a minha própria poeira
E nela me deito e me perco
Sem eira nem beira
Cega de sol e de assombro
Espalho as palavras na areia
Semeio-as nas pedras da rua
Solto enganos em céu aberto
E a alma se despe de mim
Deixando-me nua
22 comentários:
A sementeira das tuas palavras é sempre fértil e germina em mim um aroma a céu aberto de assombro sempre que te leio.
Excelente, querida amiga Maria João, mais um poema de se lhe tirar o chapéu... gostei mesmo muito.
Bom fim de semana.
Beijos meus.
"Cega de sol e de assombro
Espalho as palavras na areia
Semeio-as nas pedras"
O meu deslumbramento pelas palavras encontra aqui reflexo.
Muito bonito!
Estive cá ontem à noite e li o teu poema, mas estava com tanto sono que não tive coragem para comentar.
Já não tenho arcaboiço para noitadas (rsrsrsrssssssss).
Gostei muito, é claro. Apesar do sono que sentia deu para perceber que é um belíssimo poema, o que, de resto, acabei de confirmar, relendo-o.
Parabéns, amiga.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Não uso máscaras, talvez por isso, por ser franca e directa, não tenha os amigos que gostaria de ter...é o preço a pagar!!!
Seguem umas palavras que escrevi hoje, num momento de muita solidão e incompreensão neste Mundo.
Apenas os meus passos quebram o silêncio
Tudo o resto à minha volta cessou
Outros sons existem na minha alma dorida
De palavras ditas sem pensar, para magoar
Vindas de pessoas que se dizem amigas
Mas…infelizmente não sabem o que isso é!
Os amigos de verdade não fazem isso…
Afinal, o que fazem os amigos de verdade?
É uma questão que coloco cada dia mais
A mim e aos outros; é que não sei mesmo…
Há falta de amigos, de camaradas, de pessoas…
Estou silenciosa, por vezes acontece…
Não me parece, conheço-me bem
Nunca, nem um segundo; o silêncio em mim é mau sinal
Garanto-vos!!!
Aproxima-se o dia do meu aniversário
Coincide com aquele dia do ano,
que muitos se lembram de mim
e, mais uma vez, pergunto:
e, nos outros 364 dias, onde andam?
Ou…onde ando eu? Noutro planeta?
Quem sabe…É-me difícil avaliar.
E, dentro do meu peito ouve-se algo
é sempre o mesmo murmúrio, lá bem fundo
triste, fluindo ininterruptamente,
dói…se dói…
porque é o sentimento que confere o significado à Vida.
(palavras minhas)
Beijinhos.
que LINDO,
o teu "nada".
Um bjo, Maria.
Talita
História da minha alma.
Boa noite Maria João,
muito lindo, bem ao estilo e qualidade a que já nos habituou.
Beijinhos,
Ana Martins
Maria João, você sempre me encanta com suas palavras.
Beijos
É nas pedras da rua que os aromas do vento semeiam os enigmas do tempo e recolhem as palavras espalhadas na areia, trazidas e levadas pela poeira das almas...
Será sempre a dialéctica da nossa existência: somos tudo e não somos nada. Perseguimos certezas que mais tarde ou mais cedo serão confrontadas com a sua própria negação.
A tua poética tem esta coisa de ter de se reler sempre, para nos apercebermos do que espreita por entre virgulas e palavras.
Gostei muito.
Palavras na areia
ao sabor do ritmo das marés
Poema muito belo
Bj
De facto, no nada que somos, somos tanto! E no caso da João, "tanto" é imenso...
Beijinho terno
Quando sentimos que não somos nada, devemos lembrar-nos que somos o tudo (ou parte) de alguém...e tu és o exemplo disso, és mais do que parte de mim :)
*beijinhos da Mana
Amiga Querida,
Sabes muitas vezes é assim que me sinto. "Um tudo" e ao mesmo tempo "um nada". Um vazio profundo por sentir que em algum momento irei despir me da alma. Mas não um vazio pela tristeza e sim um vazio carregado de saudade... E é assim que vou tentando ser levada pelo tempo e dele ser uma eterna aprendiz para que eu possa semear e cultivar.
Adorei o seu poema me fez pensar em liberdade,
beijinhos no coração
Gisele
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Nada somos, além da projeção de quem nos vê...
Lindo e reflexivo o seu poema, Maria!
Beijos no coração...
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Maria João, passei para deixar um beijo e uma linda noite
Está muito bem escrito
e é bem bonito
este seu poema de hoje!
Beijoca
É incrível como gosto de ler o que escreve...
Lembrei-me das tuas palavras espalhadas na areia e vim relê-las.
E vejo, porque as sinto com a mesma intensidade, que o mar, o vento e a chuva não as apagaram...
Querida amiga, bom resto de semana.
Beijos.
Maria João,
...Deslindo o enigma do tempo de ser tanto
No nada que sou...
numa vida plena de ousadias...
Belíssimo, Maria João!
Um beijo
Diria que é um poema...lucido onde as palavras transpiram identidade,
Maria João...
As palavras deixam emoção ao ritmo das marés...
Lindo o teu poema!!!
BeijOOO
AL
Amiga
Passei para te deixar um abraço de saudades.
O teu comentário no Lírios é duma lucidez incrível!
Às vezes apegamo-nos de tal modo à beleza dos versos que pomos um pouco de parte o seu verdadeiro conteúdo.
Obrigada, querida.
Beijinhos
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