Calam-se os sinos replicados, calam
Porque bradar já não sabem de cansados
Mudos são os ecos já finados
E tristes são os olhos que não falam
Param os passos esgotados, param
Adormecem inertes na beira do arado
Sangram a seiva do trilho semeado
E gélidos ficam os gestos quando calam
Na profunda alienação dos sentidos
Fica no tacto a angústia da ausência
A recusa do estar só em permanência
A textura dos silêncios desmedidos
Entrega-se à lua a serena sonolência
Com os olhos tristes que não falam
Com os gestos que há muito se calaram
No eco mudo dos sinos em dolência
E se o sol nascer na sombra dos alentos
Escondido por entre raios deprimidos
Deixai ficar na noite os passos feridos
E na morte o abandono dos tormentos
3 de fevereiro de 2010
Abandono
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19 comentários:
Maria João,
Gostei muito da espressão poética!!!
Um poema que desperta emoções...
Beijos
AL
Ah... se eu fosse músico. Fazia uma canção com este soberbo poema.
Manda-o para a Mafalda Veiga que ela vai adorar cantá-lo.
Se isso acontecer, quero comissão...
Um beijo, minha querida amiga.
Seguindo o raciocínio do Nilson imaginei-me a ouvir os acordes de Caetano Veloso ou a voz divina de Amália, dedilhando ou musicando estes versos 'mudos' mas ao mesmo tempo tão sonoros. Porque 'gélidos ficam os gestos quando calam' 'com os olhos tristes que não falam'... mas que voltem a replicar os sinos e de novo se unam os destinos...
Maria João,
Cada vez gosto mais dos seus escritos, lindo!
Beijinhos,
Ana Martins
O poema é bonito.
E você? Já se encontrou?
espero que sim.
Beijinho
bonito e esperançoso. Mesmo diante de uma lágrima de tristeza, de solidão consegui vislumbrar o sol que está sempre a nos esperar...
Sempre a nos presentear com belas emoções, com seus belos poemas!
obrigada,
Gisele
Maria João,
Depois de ler o teu poema, subscrevo inteiramente o comentário do Sofá Amarelo.
Para quando um livro com os teus poemas?
Beijinho para ti
Chove bem no meio do mar
São de fogo as manhãs na ilha
A seda púrpura é lençol de amantes
Os olhos roubam a virtude à maravilha
Enchi a taça com absinto
Ergui o braço, toquei uma nuvem carmim
Ensaiei um passo de dança
Senti que os pássaros riam de mim
Senti o resto da geada em descalços pés
Calei minha viola de dois corações
Deixei entrar no peito o tamborilar de perdidas gotas
Senti o sabor sal das minhas emoções
Convido-te a partilhar a outra metade
Mágico beijo
M.João...
Vim reler-te, rever-te... e deixar um beijo!
AL
Sim, corpos de sal tocados pelo (i)liquido dos dias. desfazendo-se.
Beijo
Não creia, Maria João, que me estou a dar ares de crítico ou analista literário. Mero escrevinhador que sou, reivindico apenas para mim a capacidade de saber apreciar e distinguir.
Aprecio e distingo este seu texto. Pela poesia que o envolve e, talvez em especial, pela sonoridade que as suas palavras libertam e reclamam!
Já outros, e com razão, fizeram aqui referências no mesmo sentido - um dia virá que um talento o musicará e uma voz de ouro o cantará! Chico Buarque não o enjeitaria, por certo!
Os seus poemas não podem ficar no "eco mudo dos sinos". Repito o que um dia lhe disse: junte-os e publique-os em livro. Abra ao mundo o prazer da sua leitura.
Bfs
Beijinhos
.
. bel.íssimo, maria joão .
. clap, clap, clap, clap, clap, .
. clap, clap, clap, clap, clap, .
. clap, clap, clap, clap, clap, .
. os meus parabéns .
.
. um beijo meu .
.
. um bom fim de semana .
.
. sempre e para sempre, .
.
. paulo .
.
. bel.íssimo também WM aqui .
.
Faço minhas as palavras de Carlos Albuquerque: mereciam, realmente, estar num livro escrito por si, juntamente com todos os outros belos poemas.
Amiga
Li duas vezes, e não sei se não voltarei a ler...
Não tenho palavras para exprimir exactamente aquilo que quereria dizer.
Por isso digo apenas; ADOREI!
E acrescento: quero ser a primeira a ter o livro :)
Beijos com amizade
Mariazita
Um poema belíssimo, que quase inibe as palavras do comentário. Gosto imenso de lê-la, Maria João.
Um beijinho e boa semana.
João, que te posso dizer, minha amiga? que este poema me vibrou de lés a lés?
que tudo o que disseram atrás subscrevo?
musicalidade
lírica
emoção
métrica...
tudo
e
.
.
.
um final que perdura além do mais.
"E se o sol nascer na sombra dos alentos
Escondido por entre raios deprimidos
Deixai ficar na noite os passos feridos
E na morte o abandono dos tormentos"...
isto é POESIA, João. Da mais bela e da mais nobre ...
João, a sério, muito a sério, os teus trabalhos fazem-me lembrar um lema que, desde muito novinha, lido algures, tenho para mim:
"se não podes fazer coisas grandes, faz coisas pequenas de uma grande maneira"...
tento segui-lo e, tu, João, aqui, nos "pequenos detalhes" dás sentido ao ser grande, em "pequenas coisas", com uma enorme alma.
Tua fã, orgulhosa de te chamar amiga :)
beijito da Mel
Jóao
linda poesia...
um beijo
PALAVRA
O amor...
Palavra pequena...
Palavra simples...
Mas palavra...
......
Palavra...
Que é...
Forte...
Palavra...
Que é...
Imprescindível...
......
Que todos querem...
Pois quem não sabe...
...Amar...
Não sabe também...
...Viver!...
LILI LARANJO
Simplesmente genial, adorei
Muitos parabens, vou ficar fã deste blog...
nossa, parabééns
mtooo lindo :D
ameiii :)
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